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CARMONA, formação de ramificação lateral fina

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Mensagem  nickyfury Qua Nov 24, 2010 6:43 am

A Carmona (Ehretia buxifolia) é uma espécie sempre verde que vem sendo sistematicamente cultivada como bonsai em períodos que remontam aos primórdios da arte, principalmente na China e Taiwan, onde é conhecida tambem pelo nome ingles FUKIEN TEA, ou seja, chá originario de Fukien (uma região na China meridional). A variedade mais facilmente encontrada é a macrophylla, que produz flores diminutas, na cor branca, um forte atrativo, além da beleza de suas folhas verdes brilhantes e serrilhadas. Seu cultivo é relativamente fácil, sendo uma planta que engrossa rápido o tronco, principalmente se cultivada no solo, permitindo sua conversão em praticamente qualquer um dos variados estilos clássicos japoneses, bem como tambem os estilos chineses.

Visando uma boa formação estrutural aerea bem como uma ótima densificação, podemos conseguir isso quase que sem o uso de arames, apenas usando podas de formação e manutenção. Nesta matéria, exemplifico com fotos e explicações, como obter ramificação fina lateral nos galhos, algo que geralmente não é muito explorado quando se fornece dicas de cultivo dessa espécie.

CARMONA: desenvolvimento e formação de ramificação lateral fina.

Observando um galho qualquer em determinada planta, notamos que ele apresenta "N" galhos laterais, que por sua vez terão tambem outros galhos laterais. A isso se chama ramificação fina, significando que, com esse método, pode ser formado uma estruturação de ramos ou galhinhos laterais, o que proporciona uma boa densificação numa planta. A melhor comparação a essa estrutura é olhar a palma do nossa mão, com todos os dedos afastados. Esse é o efeito que buscamos, ao imprimir o uso dessa técnica.

O presente trabalho visa justamente mostrar como se dá a formação de vários galhos laterais num determinado galho. Pode ser conseguida com a retirada das folhas iniciais, que brotam na base das brotações em forma de "tufos" ao longo de um galho qualquer. Retira-se apenas as folhas na base do "tufo", mantendo as demais do mesmo, estimulando com isso que as brotações mantidas irão dar ensejo ao crescimento e desenvolvimento de um novo galho lateral. Podemos dizer, então, que cada "tufo" ao longo de um galho, se bem trabalhado, conduzirá a formação de um novo galho a partir do ponto escolhido pelo cultivador.

Observe na foto abaixo, onde eu seguro um galhinho que possui galhos laterais. Os dois novos galhinhos mais altos foram conseguidos usando essa técnica. Com eles, irei formar novos galhos, abrindo novas ramificações finas, aumentando a area ramificada desse galho em especial:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08030

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08031

Esse galhinho, porém, não ficará muito tempo, nem permitirei que cresça em demasia, pois preciso de um ramo extra, não de um galho longo novo. Veja na imagem abaixo um galho bem ramificado, em que deverei formar outras ramificações, para melhorar. O emprego dessa técnica de formação é contínuo, até que o galho alcance o estágio que o cultivador julgar necessário:

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Todos os galhos dessa planta estão sendo trabalhados nesse sentido. Seleciono um "tufo", geralmente o mais próximo da área em que desejo um galho lateral, retiro as folhas mais antigas da base do "tufo" (de tonalidade verde escuro), estimulando assim o crescimento de um novo galhinho no lugar do "tufo" inicial. Deixo crescer até determinado ponto, depois corto no tamanho aproximado do galho que pretendo formar ali:

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CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08034

Observando que, além de conseguir otimizar uma ramificação fina, ao mesmo tempo obtenho densificação, isto é, uma aumento da massa verde de folhas mais intensa e próxima do tronco. Veja o detalhe abaixo, de um novo galho obtido com esse recurso:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08035

Na foto abaixo, o tachiagari (primeiro terço do tronco) e o nebari ainda por corrigir nessa carmona, cultivada em um vaso de treinamento de cimento, pois falta um queijo e uma rapadura para chegar ao ponto final, portanto, ainda é um pré bonsai:

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Igual a outras carmonas que cultivo, essa planta foi obtida via estaquia sendo cultivada, após enraizada, diretamente no chão por um período aproximado de tres anos, sendo retirada e envasada primeiro em uma bacia plastica grande, com borda alta, onde permaneceu mais tres anos, tempo mínimo para recuperação e emissão de boa quantidade de raízes capilares, após isso, foi envasada no o vaso atual, que permitirá acondicionamento de suas raízes, limitadas pelo espaço fisico do vaso. Com isso, consigo ao final de sua formação, o reenvase em um recipiente ainda menor e mais adequado ao estilo (moyogi) e a sua característica feminina.

Abaixo, outra carmona, obtida por estaca e deixada crescer no chão por tres anos, retirada há um ano. Após sua recuperação inicial, iniciou a brotação de novos galhos, sendo selecionados os que estavam mais bem posicionados, iniciando com eles a estruturação aerea da planta:



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Observando que as brotações ainda estão numa fase bem inicial. É preciso deixar os galhos alongarem-se bem, antes de cortar, reduzindo seu comprimento. Para isso, aguardo uma boa linificação, isto é, a madeira do galho deverá ter um bom cerne, antes de ser cortada. Mas isso não impede que, ao mesmo tempo, vá selecionando os tufos que irão originar novos galhos laterais:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08038

Os galhos laterais podem ser formados praticamente usando-se apenas poda de refinamento. Mas para formar um tronco com conicidade e movimento otimizados, é preciso selecionar o galho mais bem posicionado, eleito como galho apical, e aramar:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08039

Aqui, um detalhe de um dos galhinhos, onde aparecem alguns "tufos" bem iniciais. Neles, retiro duas folhas maiores e mais velhas, para forçar a ramificação lateral:

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A cor verde escura das folhas mostra que estão prontas para serem retiradas da base do "tufo", liberando um novo segmento na area escolhida:

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Galhos na base do tronco ou próximas a cortes podem ser mantidos por um período, como forma de corrigir algum defeito ou permitir uma cicatrização melhor no corte:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08043

Fora isso, devem ser prontamente eliminados, pois irão subtrair energia da planta necessária nos pontos mais importantes. No detalhe, um galhinho ainda "verde", isto é, que não está devidamente linificado para permitir formação de ramificação lateral. A cor da madeira deve ser mais escura, o que denota amadurecimento, estando então apta a receber inclusive aramação, caso seja necessária:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08044

Nessa outra planta, observe a boa densificação, com os "tufos" bem próximos uns dos outros. Isso permite uma seleção criteriosa e bem proporcional, em termos de posição correta, na hora de escolher os galhos das ramificações laterais. Esses galhos serão deixados crescer livremente pelos próximos dois anos:

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Como a planta anterior, um galho apical foi selecionado e aramado, para formar conicidade e movimento continuado ao tronco:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08047

Observe a cor verde escura da folha que seguro, em relação as mais próximas. Isso aponta que ela pode ser retirada, oportunamente, para permitir a ramificação lateral:

CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08048

Nessa outra carmona, alguns galhos mais bem posicionados foram mantidos. Seu crescimento vigoroso foi estimulado, devendo ser mantidos longos para engrossar pelos próximos tres anos. Findo esse prazo, terão seu comprimento bem reduzido, algo em torno de no máximo um palmo cada, para então serem reiniciados com vistas a formação estrutural lateral:

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CARMONA, formação de ramificação lateral fina  DSC08051

No caso dessa planta, em que o tronco apresenta um bom diametro, a sua altura final deverá ficar em 30 ou 40 cm, ainda é prematura a formação de ramificação lateral. Por isso os galhos mantive seu desenvolvimento e crescimento alongado, o que irá favorecer o engrossamento deles em seu primeiro terço:

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Tachiagari, ou seja, o primeiro terço do tronco, apresenta um bom diametro e um movimento relativo, a ser explorado com a continuidade num dos galhos apicais a ser ainda selecionado como principal:

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Como ainda é uma planta recentemente retirada do solo, nos próximos anos, à medida em que sua estrutura aerea for sendo trabalhada, poderei sempre corrigir o tronco, com cortes necessários bem como com alteração no posicionamento de plantio, caso isso se faça necessário. A cor verde escura denota, ainda, o cultivo em local sombreado (embaixo de uma mangueira bem copada), sendo que o substrato ideal, para essa fase, é composto basicamente de matéria organica em decomposição, com um pouco de pedrisco e de caco ceramico.

Ressalte-se que essa espécie aprecia solo umido (mas não encharcado) e bem nutrido, sendo então feito aporte a cada 45 dias de adubação orgânica (TM+FO+FOSWAY), em todos os meses do ano, inclusive no inverno. A rega é feita sempre ao final da tarde, apenas uma vez, e apenas se for necessária, isto é, se o solo estiver um pouco seco na superficie. A bacia plastica está sobre uma bancada de cimento, mas é mantida mais alta, com apoio, para favorecer a circulação de ar no fundo, contribuindo para uma boa aeração das raízes.


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Mensagem  Angela Fernandes Qua Nov 24, 2010 5:01 pm

Amigo Nicky !!!!!!!!!
Estou completamente embasbacada com a matéria que ora publica.
EXCELENTE !!!!!!!!
Teria como me enviar via email ???
Jair, o dono do sitio onde estão meus galhinhos, está se especializando em carmona.
Ele tem cada uma divina.
Gostaria de colocar no nosso mural a matéria com as fotos........
Acho que todos que forem ao local adorarão ver e ler, além do que colocarei num álbum para guardar como preciosidade.
Continue postando suas matérias que são excelentes, eu sei bem disso.
SOU DO BEM !!!!!!!
PRATICO BONSAI !!!!!!!!
Bjks
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Mensagem  Rodney Felipe Zamba Seg Jul 22, 2013 6:45 pm

Ótima matéria!!!
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